sábado, 2 de outubro de 2010

Eleições: O Voto de Desempate



Amanhã teremos eleições, nas quais DECIDIREMOS os rumos que o nosso país e os nossos respectivos estados tomarão nos próximos 4 (quatro) anos, elegendo os nosso representantes para o executivo e legislativo. Espanta, ainda, o fato de as pessoas serem "analfabetas políticas", no dizer de Brecht. E estes são os piores analfabetos, porque vendem a consciência por uma ninharia. Citando o exemplo de meu estado, Alagoas, dá vergonha em ter uma câmara de deputados estaduais como temos, com diversos componentes trazendo nas mãos o sangue de pessoas que lhes fizeram oposição, verdadeiros psicopatas que querem o poder não só para encher os bolsos, mas para continuar causando medo e ainda se proteger com o escudo da imunidade parlamentar.

Alagoas chegou ao cúmulo de eleger Fernando Collor de Mello Senador. E agora ele quer governar Alagoas. Por mais que eu tente, nunca vou conseguir entender qual o fenômeno que o torna popular perante as massas. Creio que não se deva aos tão falados rituais de magia negra supostamente realizados na "Casa da Dinda"; imagino que também não seja graças ao finado Frei Damião, que funcionava como uma espécie de legitimador divino do poder collorido, tal como fazia o clero na Idade Média (e espero que antes da morte, o citado religioso tenha tido tempo de se arrepender de tão nefasto ato). Quais foram as benesses que Collor fez quando Governador de Alagoas em tempos negros ? E enquanto Presidente da República ?  Não vale responder que foi o confisco da poupança. Talvez seja interessante perguntar aos universitários "caras pintadas". Por conta disto, os alagoanos viraram motivo de chacota em programas humorísticos, que alardeiam que  errar uma vez é humano; errar duas, é alagoano, nos chamando de burros. E nem adianta dizer que "todos são iguais". Nunca tivemos um quadro de renovação para saber. 

Por que o povo é tão negligenciado em relação à educação e cultura ? Porque conhecimento é poder e é conveniente a certos carreiristas políticos que o povo se mantenha no limbo da ignorância; é conveniente para eles manterem seus currais eleitorais, currais em que as pessoas só ganham aparência humana de quatro em quatro anos, mas depois voltam a ser bestas, procurando saúde em hospitais desaparelhados, sem remédios, sem leitos e sem profissionais suficientes; enfrentando filas quilométricas para matricular os filhos em escolas sem professores e com greves intermináveis. A Constituição explicita, no parágrafo único do art. 1º, que "todo poder emana do povo". Mas não basta ter poder, é preciso saber usá-lo.

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a aplicação da lei ficha limpa a Joaquim Roriz, empacou, digo, empatou. A renúncia posterior do candidato, com indicação de sua esposa para substituí-lo demonstra o quanto o "jeitinho brasileiro" pode se sobrepor à lei, tanto que a estratégia já encontra seguidores. Pois bem, falamos, no post anterior, sobre o voto de minerva, aquele que desempata. Neste caso, o Supremo jogou esta responsabilidade em nossas mãos. Se eles não chegaram a um consenso para decidir se políticos com um passado nebuloso podem nos representar, cabe a nós o desempate, cabe o nós o voto de minerva. E, como a Deus Atena, que proferiu este voto, era a deusa da sabedoria, devemos usar esta qualidade na hora de decidir, sem pensar nos 30 reais que Ferros, Albuquerques, Calheiros e Maltas irão financiar, sem pensar em botijões de gás e dentaduras, que se desgastam logo, e sim naquilo que vai beneficiar a coletividade. O estado de consciência exije que estejamos acordados. Portanto, sejamos conscientes, sejamos sábios, sejamos cidadãos. Boa votação para todos nós amanhã, lembrando que, por decisão do STF, é possível, para estas eleições, votar sem o título, levando apenas um documento de identificação com foto (RG, Carteira de Trabalho, Carteira de Habilitação).




Um comentário:

  1. Digno de um Nobel de Literatura. Infelizmente concluo que você prega para o deserto meu amigo, pois está claro no seu texto, é "interessante" manter o povo distante da educação para que este seja sempre massa de manobra e continue servindo aos "nobres" interesses de alguns.

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