sábado, 15 de agosto de 2009

Voltaire




“Outros ocupados, em menor número, eram os conservadores de antigos costumes bárbaros contra os quais a natureza assustada bradava em alta voz; não consultavam senão seus registros roídos de traças. Se ali encontravam algum costume insensato e horrível, passavam a considerá-lo como uma lei sagrada. Por causa desse covarde hábito de não ousar pensar por si mesmos e de haurir suas idéias nos destroços dos tempos em que não se pensava, é que, na cidade dos prazeres, ainda subsistiam costumes atrozes. Por essa razão é que não havia nenhuma proporção entre os delitos e as penas. Faziam às vezes um inocente sofrer mil mortes para obrigá-lo a confessar um crime que não havia cometido. Puniam uma leviandade de jovem como teriam punido um envenenamento ou um parricídio. Os ociosos soltavam gritos lancinantes e no dia seguinte não pensavam mais no caso e só falavam em novas modas.” (VOLTAIRE. A Princesa de Babilônia. Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal (32). Tradução de Antônio Geraldo da Silva. São Paulo: Editora Escala, sem ano de edição, p. 76)

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